Obras Gráficas de Francis Bacon | Galeria WOW

Foi já no ano passado que WOW (World of Wine) abriu as portas ao público. No entanto, a sua Galeria de Exposições inaugurou apenas no passado dia 29 de Abril, brindando-nos com a exposição Obras Gráficas de Francis Bacon, obras essas cedidas pela Fundação Renschadael Art.

Essa mostra, que abriu no dia seguinte ao aniversário da morte do pintor, é o tema do artigo de hoje.

Francis Bacon, Três Estudos Para um Autorretrato, litografia sobre papel, 1981.

Francis Bacon (Dublin, 1909 – Madrid, 1992) foi um pintor anglo-irlandês que pôs de lado a Abstracção que marcava a sua era para se dedicar a um Realismo visto por muitos como perturbador. Porém, o próprio não via a sua arte dessa forma, dizendo que havia outras coisas, como as guerras, que essas sim deviam ser consideradas perturbadoras. Esta fuga ao Realismo convencional deve-se à cada vez mais forte presença da Fotografia, que fez Bacon deixar para ela a representação do real e focar-se em mostrar a realidade da existência.

As suas obras baseiam-se sobretudo em retratos, seja de amigos, conhecidos ou de modelos que posavam para ele, e em autorretratos, estes que coincidem mais com a década de 1970, quando o seu companheiro de longa data, George Dyer (1934-1971), e vários amigos faleceram. No caso dos retratos do companheiro, como os chamados Trípticos Negros, estes representam o modo que encontrou de prestar homenagem e mostrar a sua dor e foram, sem dúvida, um reforço da sua identidade enquanto artista.

A sua paleta cromática foi variando ao longo dos anos, começando por tons mais sombrios que evoluíram para cores fortes e explosivas na década de 1960, sendo que no final da sua vida/carreira se limitava a telas cada vez mais minimalistas e em tons monocromáticos.

Bacon trabalhou até morrer, em 1992, mas antes disso teve oportunidade de ver a sua obra ser largamente procurada e celebrada, com os anos 1980 a representar o auge da sua carreira, tendo várias exposições a acontecer um pouco por todo o mundo, incluindo uma segunda retrospectiva na Tate Britain, em 1985.

Francis Bacon, Estudo Para uma Tourada, litografia sobre papel, 1971

Obras Gráficas de Francis Bacon presenteia-nos com litografias, gravuras e água-fortes do artista, num total de 23 obras. Estas reproduções foram realizadas entre 1971 e 1991, partindo de originais criados entre 1955 e 1988, culminando numa representação de várias etapas da obra de Francis Bacon.

Num aparte, é de referir que Francis Bacon recusou por muito tempo a reprodução das suas obras, mas acabou por ceder em 1971, após uma grande pressão por parte de museus e coleccionadores. Estas reproduções ficaram a cargo de grandes mestres da Impressão, como é o caso de Fernand Mourlot (1895-1988), Aimé Maeght (1906-1981) e Georges Visat (1910-2001), mas sempre com a supervisão do artista.

Estas peças permitem-nos viajar pelos temas mais trabalhados por Bacon, como a religião, o retrato e a morte. Sendo ateu, mostra-nos o que é viver num mundo sem Deus; no campo da morte reporta-se sobretudo ao suicídio do seu companheiro George Dyer, sendo que várias das obras o retratam, tanto numa época pré como pós-morte, sendo possível perceber uma alteração entre as obras de ambos os momentos. Quanto aos retratos, para além dos já referidos de Dyer, há ainda de algumas personalidades como Peter Beard (1938-2020) , Michel Leiris (1901-1990) e, recuando alguns séculos, do Papa Inocêncio X (1574-1655).

Apesar de reproduções, estas obras permitem-nos perceber todos os detalhes que tornaram Francis Bacon um dos artistas mais representativos e respeitados do século XX. É de igual modo uma forma de vermos o seu processo de trabalho, pois algumas destas obras gráficas são estudos para obras que iriam surgir dali e, dessa forma, podemos perceber quais os elementos que se mantiveram e aqueles que foram sendo alterados.

Francis Bacon, Figura a Escrever Reflectida no Espelho, litografia sobre papel, 1977.

Francis Bacon, Figura num Lavatório, gravura e água-tinta, 1978.

Nesta exposição, para além das 23 obras gráficas de Francis Bacon, podem ainda ver um pequeno vídeo que mostra o atelier do pintor, uns ecrãs que nos dão a sua cronologia e, mesmo no fim, dois vídeos com animações digitais remetentes ao artista, à sua obra e a algumas das suas frases mais conhecidas.

Para acompanhar a visita, é-vos dado um livrinho de sala com todas as informações relativas às obras e a Francis Bacon. Se preferirem, há ainda a opção de terem estes dados no telemóvel, através de um código QR, sendo que podem escolher ouvir os textos relativos a algumas das peças. No fim, informação não falta e com estas 23 obras ficam com uma perspectiva bastante alargada de quem foi Bacon e do seu trabalho.

É, sem dúvida, uma excelente forma de inaugurar a Galeria WOW que se apresenta como um espaço amplo e capaz de receber exposições de vários estilos e áreas artísticas. Agora resta aguardar para saber o que mais vamos poder ver por lá.

Francis Bacon, Três Estudos de umas Costas Masculinas, litografia sobre papel, 1987.

Francis Bacon, Três Estudos de umas Costas Masculinas (detalhe), litografia sobre papel, 1987.

Francis Bacon, Tríptico 1987 (Painel Central), litografia sobre papel, 1989.

A exposição está patente da Galeria WOW até 26 de Setembro, de Segunda a Sexta-Feira das 12h às 19h e aos fins-de-semanas das 10h às 19h.
O bilhete tem o custo de 8€ até ao dia 30 de Junho e a partir daí passa a custar 12€. Para estudantes e maiores de 65 o preço será sempre de 5€.
No final da visita, podem usufruir de um cálice de Vinho do Porto oferta num dos muitos restaurantes, cafés ou bares da WOW.

Para mais informações, consultem a página da Galeria WOW sobre a exposição.

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