No passado dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, a Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto, inaugurou, em conjunto com o Instituto de Sociologia da mesma instituição, a exposição Mulheres Que Fazem Barulho.
Esta mostra, com curadoria de Paula Guerra, tem o objectivo de homenagear 15 mulheres relevantes do Rock Português desde o pós-Revolução de 25 de Abril até aos dias de hoje, a partir das suas histórias.

Fonte: Casa Comum.
Esta é uma exposição curta, mas que nos leva numa viagem pelas últimas décadas da música Rock em Portugal. Cada artista é apresentada individualmente com um pequeno texto que nos conta um pouco da sua história, não se ficando só pela biografia musical. Desde os anos em que começaram as carreiras aos projectos em que estão ou estiveram inseridas até a momentos icónicos, estes são alguns dos dados apresentados na exposição.
Como referido, aqui são homenageadas 15 mulheres do Rock Português, dividindo-as em quatro categorias:
– Viver Depressa, Morrer Tarde, numa referência a carreiras longas e bem sucedidas no contexto musical e não só e na qual se incluem Ana da Silva, Anabela Duarte e Ondina Pires;
– Berrar Mais Alto, dedicada a algumas das vozes mais carismáticas e marcantes do Rock Português, como Ana Deus, Xana, Manuela Azevedo e Beatriz Rodrigues;
– Cansei de Ser Sexy, sobre as mulheres que recusaram a imagem estereotipada que lhes era imposta pela cena Rock, como Cláudia Guerreiro, Sandra Baptista, Lena d’Água e Marta Abreu;
– Sementes de Futuro, que se refere, como o nome indica, ao futuro desta cena musical, como Carolina Brandão, Elsa Pires, Mariana Santos, Dulce Moreira e Ana Clément.

Mulheres Que Fazem Barulho funciona de duas formas: como um mural que pode ser visto ao longe, funcionando quase como uma parede de grafitti; mas também individualmente, seja por cada uma das artistas ou por cada um dos núcleos. Elas valem por si só, mas juntas fazem um quadro maior e mais forte.
Fora os textos apresentados, há uma variedade de objectos para descobrir e cada um faz-se acompanhar de uma frase (muitas vezes da própria artista a que corresponde) que explica a importância do mesmo, o que é ou o porquê de o terem mantido durante vários anos. Uma história contada através de itens que, em muitos casos, são a imagem de marca (tanto desde sempre, como num tempo específico) da mulher a que correspondem. Há alguns com histórias bem curiosas e engraçadas, revelando as personalidades tanto biográficas como musicais, embora ambas se misturem, das mulheres aqui em exposição.
Muitos dos objectos conseguem transportar-nos para outras épocas e até fazer-nos sentir o ambientes dos concertos liderados por estas mulheres. Entre roupa, prémios, brinquedos, merchandising, instrumentos, inspirações, há de tudo um pouco, sendo que algumas das peças são absolutamente inusitadas. São objectos que as artistas guardam e que não fazem parte de qualquer núcleo museológico.



Além de podermos conhecer estas carreiras em específico, esta exposição funciona ainda como um chamar de atenção para a igualdade de género, ao mostrar novas histórias sobre o passado nas quais as mulheres tiveram um papel importante e que muitas vezes, neste panorama, não é reconhecido.
A sociedade contemporânea portuguesa é percebida através de muita coisa, incluindo do Rock e das mudanças que ele introduziu, muitas delas protagonizadas pelas mulheres aqui homenageadas. Mulheres Que Fazem Barulho faz-nos perceber que estas são mulheres que deram a cara para que a sociedade se alterasse: o fazer barulho é isso, é o cantar e tocar, mas também o levar a sua voz mais longe pelas causas que importam.
Podemos, assim, reconhecer as suas vivências e o seu contributo para a música e a sociedade portuguesas.



A Casa Comum cria, desta forma, a Casa Comum do Rock, com o intuito de avançar com mais exposições e eventos do género, sempre promovendo, claro está, o Rock Português. Isso está ainda implícito no cartaz da própria exposição, ao referir “Cenas do Rock Volume I”.
A abertura deste projecto ao público aparece no seguimento do Dia Internacional da Mulher, embora a sua inauguração estivesse marcada para o ano passado, não acontecendo devido à pandemia. Assim, faz todo o sentido que as mulheres sejam as primeiras visadas, embora não fosse preciso uma desculpa para que isso acontecesse.
Uma exposição cheia de cor e garra que nos prende em todos os detalhes e que nos faz ansiar por mais, sendo que são várias as mulheres do Rock Português que aqui não estão representadas.



A exposição pode ser visitada até ao dia 30 de Setembro, de Segunda a Sexta-Feira, das 10h às 13h e das 14h30 às 17h30, e aos Sábados, das 15h às 18h.
A entrada gratuita e há um programa de eventos paralelos a ser anunciado.
Para mais informações: Casa Comum.